quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Viver não é brincadeira não


Começo o Ano Novo observando os fogos. (Mas não só eles...).
São muitos, como sempre, diversas cores e formas. 
O barulho é intenso... Muito próximo de mim, várias famílias com o olhar distraído para o alto, encantados...
Torno a olhar em volta e percebo bem diante dos meus olhos, uma criança entre 6 a 8 anos talvez com uma latinha de cerveja nas mãos. Mais alguém também percebe e se espanta, e acabamos por constatar que ela havia saído do colo de um adulto, possivelmente o pai, que com outra latinha nas mãos permanece com olhar absorvido pelos fogos. 
Tenho ímpetos de arrancar das mãos da criança aquela latinha e dizer: Olha isso não é brinquedo! Mas respeito o livre arbítrio dos pais... Embora com muita dor no coração. 
E os pais diante de mim nada fazem para modificar a situação. 
Voltamos para casa e já na primeira curva do caminho, um sujeito jovem, bem vestido, boa aparência sentada no meio fio aspira um pó branco colocando em cima de algo como uma carteira. Espirra. 
E diante dessa cena sinto que alguns pensamentos meus se espargem para bem longe também... 
Imagino o futuro da criança cujos pais inconscientes a deixam adultificar-se antes do tempo, distraídos com as luzes fugazes do céu.
Imagino o futuro desse jovem em breve, adentrando a um pronto-socorro qualquer, sem condições sequer de coordenar seus esfíncteres. Carregado por alguém que nada tinha a ver com aquela viagem estúpida, cujo objetivo era fugir de uma realidade, sadia talvez, apesar dos problemas, e fugir, sabe-se lá do que, adentrando uma vida vegetativa. 
Porque alguns sonhos são verdadeiros pesadelos, os quais carregam no seu bojo, pessoas que nos amam incondicionalmente... 
Imagino um futuro melhor para ambos e oro por essas consciências obnubiladas pelos fogos de artifícios, cujo maior objetivo naquele momento era afastá-las da realidade.
Oro para que despertem um dia qualquer desse Ano Novo, se assim lhes for possível...Ainda somos crianças espirituais como nos diz Jesus.
E assim segue a humanidade, distraída de seus objetivos e potencialidades, pelas luzes efêmeras da vida. Por vezes a impotência dói demais!
E para que servirá a dor dos pais ao constatarem que já é muito tarde? 
Talvez diante dessa constatação se acenda a luz verdadeira. Aquela que não morre dentro de cada um de nós e que não tem o colorido espalhafatoso do Réveillon. 
Mas permanece no silêncio de um novo dia...
Ângela G. Sant'Anna







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