segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Renoir


Artista: Renoir
Médium: Ângela

As Profundezas da Alma
Dissemos que a alma oculta  profundezas onde o pensamento raras vezes desce, porque mil objetos externos o ocupam incessantemente. Sua superfície, como a do mar, é muitas vezes agitada; mas por debaixo, estendem-se regiões inacessíveis ás tempestades. Aí dormem as potências ocultas, que esperam nosso chamamento para emergirem e aparecerem. O Chamamento, raras vezes se faz ouvir e o homem agita-se em sua indigência, ignorante dos tesouros apreciáveis que nele repousam. É necessário o choque das provocações, as horas tristes e desoladas para fazer-lhe compreender a fragilidade das coisas externas e encaminhá-lo para o estudo de si mesmo, para as descobertas de suas verdadeiras riquezas espirituais. É por isso que as grandes almas se enobrecem e embelezam tanto quanto mais vivas são as suas dores. A cada nova desgraça que as fere tem a sensação de se haverem aproximado um pouco mais da verdade e da perfeição e, a este pensamento, experimentam uma como volúpia amarga. Levantou-se uma nova estrela no céu de seu destino, estrela cujos raios trêmulos penetram no santuário de sua consciência e lhe iluminam os recônditos. Nas inteligências de cultura elevada faz sementeira a desgraça: cada dor é um sulco onde se levanta uma seara de virtude e beleza. Em certas horas de nossa vida, quando nos morre nossa mãe, quando se desmorona uma esperança ardente e acariciada, quando se perde a mulher, o filho amado, de cada vez que se despedaça um dos laços que nos ligavam a este mundo, uma voz misteriosa eleva-se nas profundezas de nossa alma, voz solene que nos fala de mil leis augustas, mais veneráveis que as da Terra e entreabre-se todo um mundo ideal. Mas os ruídos do exterior a abafam bem depressa e o ser humano recai quase sempre em suas dúvidas, em suas hesitações, na rara vulgaridade da sua existência. Mas  não há progresso possível sem observação atenta de nós mesmo. É necessário vigiar todos os nosso atos impulsivos para chegarmos, a saber, em que sentido devemos dirigir nossos esforços para nos aperfeiçoarmos...

Léon Denis - 
Ser Destino Dor
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